XVIII Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Desporto e Educação Física
Identidade e Missão nesta era de erosão da axiologia, da cultura e da educação
Maputo, a cidade das acácias, situada nas margens do Índico e iluminada, durante o dia, por luzeiros de fraternidade e, à noite, por miríades de estrelas, vai acolher, de 5 a 8 de outubro de 2020, o XVIII CCDEFPLP.
A Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Pedagógica de Maputo convida toda a comunidade lusófona da área a marcar presença em tão relevante evento. A todos quer receber e saudar com os braços abertos e com a alma e o coração em estado de júbilo e canto. A isso acresce a policromia e a calorosa hospitalidade que transbordam no povo moçambicano.
O afetuoso reencontro constituirá, por certo, uma oportunidade de fecunda reflexão sobre os problemas que nos assolam. E tanto precisamos dela! As janelas abertas, nos últimos anos, no horizonte profissional do Desporto e da Educação Física não devem adormecer-nos. Ao invés, há ponderosas razões para avivar o desassossego. Todos os domínios da atividade social foram colonizados por interesses comerciais, fragilizando os vínculos e compromissos culturais, axiológicos, humanistas e universalistas. A escola e a universidade não escaparam a esta investida. A definição da identidade da profissão é inconclusa; a necessidade de reformulação e afirmação da missão do Desporto e da Educação Física nunca se dá por satisfeita, porquanto é supratemporal.
1. A contemporaneidade ‘líquida’ (Zygmunt Bauman) é uma era crepuscular (Lipovetski). Parece apostada em destruir todos os legados, axiomas e marcos da Modernidade, em abater o que é sólido e as fontes e instituições fiadoras de confiança e segurança, em estabelecer o primado do superficial e volátil, e em explorar o capital da angústia, da incerteza, da insegurança, do desespero e do medo.
Os factos subjugam os princípios e valores, esfuma-se a respeitabilidade da sabedoria, da verdade e da ética, minguam os deveres e exigências, falece a autenticidade, cresce o calculismo, decresce o apego ao pensamento e à razão. Em vez de comandar o tempo, o modo de pensar é ditado por aquele.
Os abusos imperam em todos domínios. O projeto da Humanidade encontra-se numa encruzilhada. Não há nesta sinalização credível, que aponte para um futuro sublimador da desesperante conjuntura.
Parece que não fomos educados para o uso reto, justo e decente do conhecimento e dos meios ao nosso alcance. Falta-nos uma cultura da espiritualidade, da verdade e do desenvolvimento virtuoso do Ser Humano no tocante à responsabilidade, à cidadania universal, à consciência ética e social acerca do curso do mundo.
2. Nesta conformidade o XVIII CCDEFPLPelege os seguintes objetivos:
O foco principal do congresso incide na chamada de atenção para este facto: o Desporto está a esquecer a sua idiossincrasia, a ser capturado pelo pragmatismo e utilitarismo, pelo ‘império do efémero’, pelos tentáculos do polvo do mercado e pela ‘civilização do espetáculo’, correndo o risco de se afastar do estádio grego e abeirar do circo romano, de se divorciar da arété e paideia gregas, da cultura humanista e iluminista.
O mesmo se passa no contexto sociocultural. Por isso, o olhar sobre o desporto implica um olhar sobre a conjuntura e reprova a indiferença face ao que nela acontece. Enfim, reclama a urgência de passar à ofensiva. Queremos sonhar um Desporto melhor, uma Educação melhor e uma Educação Física melhor: para um Mundo melhor!
Por tudo isto, sejam bem-vindos a Maputo e a Moçambique, a um país que o navegador Vasco da Gama, na viagem para a Índia, em 1498, designou “terra da boa gente”!